PEREMPUAN DAN TUBUHNYA

Sebagian orang menganggap kekuasaan perempuan atas tubuhnya tergantung pada bagaimana dia berpakaian. Pemikiran ini tidak sepenuhnya keliru, namun tidak juga sepenuhnya benar. Sebagian perempuan…

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O dia em que me descobri amarela

O processo de entendimento sobre quem eu sou sempre foi muito confuso, nunca soube dizer se era branca ou amarela. Para evitar qualquer ponderação sobre tudo isso me dizia mestiça, mesmo que isso não soasse tão bem quanto gostaria.

Não me dizia amarela nunca. Com 10 anos, estudando geografia, o termo me foi apresentado. Lembro-me de gostar dele, de me ver na foto da menina usada como exemplo de pessoas amarelas. Ela era como eu, ela tinha olhos puxados como eu, ela tinha traços parecidos com os meus. Eu gostei do termo, até que alguns alunos riram e começaram a me chamar de amarela em um tom de desprezo, como se ser amarela fosse algo muito ruim. A professora os repreendeu de modo tão severo que tudo aquilo me pareceu errado. Era errado. Mas eu apenas havia sido tratada daquele jeito quando era mais nova e não conseguia pronunciar a letra R, então reprimi o termo, deixei de gostar dele, deixei de pensar que era amarela, pois não queria nunca mais ouvir algo daquele jeito.

Uma tarde, muitos anos depois, minha amiga me marcou em um vídeo: “ A participação asiática no racismo anti negro”. Comecei a assistir sem entender muito o que aquele título me traria, mas de cara me identifiquei com a história que o vídeo contava. Assisti uma, duas e até três vezes no mesmo dia, marquei meus primos e minha mãe no post, conversei com minha amiga sobre tudo o que aqueles minutos traziam de novo para mim, que ainda não sabia ser ou não amarela. Pela primeira vez vi um vídeo que me trouxe coisas novas e importantes, um vídeo que tinha como ponto principal pessoas como eu. Isso nunca acontecia, nunca para coisas como essas.

Entrei de cabeça no canal do YouTube que havia produzido aquele vídeo e acabei descobrindo muitos outros. Passei meses vivendo aquilo, vendo vários vídeos e me identificando como nunca antes com algo que sempre me fora importante: ser descendente de asiáticos.

Até que chegou a época das inscrições de vestibulares. A famosa hora de clicar na opção amarela ou branca continuava difícil.

Não era branca, minha pele dizia isso, meus olhos diziam isso.

Amarela? Não sabia dizer. Meu cabelo cacheado e poucos traços puxados de meu pai não me deixavam ter certeza disso.

Parda? Acho que não. Quase certeza que não. Muita certeza que não.

Não tem mestiça aí? Não. Claro que não tem. Nunca teria essa opção.

O monólogo continuou por muito tempo. Liguei para minha mãe, que me disse para colocar branca, mas isso não fazia sentido para mim. Branca. Sempre fui tratada como branca, certo? Errado. Na maior parte das vezes sim, mas em pontuais ocasiões não. Branca estava fora de questão.

Me informei mais, chorei, conversei com professores sobre isso, tentei buscar uma explicação no Google mas nada me deixava satisfeita. Conversei muito com a amiga que me apresentou esse mundo. Ela me entendia, ou melhor, me entendia mais que meus outros amigos, ela sabia o que era tentar se encontrar e se conscientizar.

Até que um dia, pensando no assunto depois de assistir a um vídeo, acabei percebendo que me sentia inclusa quando diziam “nós amarelos”. Percebi que vinha colocando em vários vestibulares a opção amarela, percebi que era amarela, que me considerava amarela há muito tempo, mas demorei para notar que a informação que tanto buscava estava ali, na minha frente.

Amarela.

Sorri sozinha no meu quarto pensando nessa palavra. Amarela.

Eu sabia quem eu era! Ou melhor, eu estava começando a descobrir quem eu sou. Foi a pontinha do iceberg, mas eu sabia que tinha encontrado um pedacinho de mim que estava procurando há tempos. Um pedacinho que sempre esteve ali e eu nunca achei, um pedacinho importante, um pedacinho que dizia muito sobre mim. Um pedacinho que ninguém poderia tirar de mim.

Amarela

Eu sou amarela.

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